O GRITO é um livro de grande vigor poético em que os versos são navalhas afiadas cortando a carne daqueles que se escancham no poder, sem dele querer apear-se, legislando em causa própria, sugando o sumo de tudo e jogando os dejetos ao povo por escárnio. Certamente, os inconformados com tudo que os cerca, mormente com os desmandos da politicagem brasileira, com os senões dos governantes, com a precariedade da saúde, com a sem-razão do ensino brasileiro, sentir-se-ão, de algum modo, confortados com este grito poético, pois nele identificarão seu próprio grito que não chegou a vingar, que não veio ao mundo, ou se fez abortado por esta ou aquela razão. Este é, pois, o grito dos excluídos de tudo! E a ele se juntarão todos os gritos que eram para ter sido dados, mas que não foram e, assim, morreram, mudos, no pulmão de cada brasileiro humilhado e ofendido pela força opressora deste país, pois diz bem o poeta: a força faz o mal que a força faz! . R.B.Sotero